quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Karma ... + Pink Floyd - Time


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Karma

O Karma é apenas um armazém de energias não utilizadas, de desejos não realizados, e medos não compreendidos. O armazém está sendo continuamente alimentado com novos desejos e medos. Não precisa ser assim para sempre. Compreenda a causa raiz dos seus medos - o estranhamento de si mesmo; e dos desejos - a ânsia pelo Self, e seu Karma se dissolverá como um sonho.

Não há etapas para a realização. Não há nada gradual sobre ela. Ela acontece repentinamente e é irrevogável. Você entra em uma nova dimensão, vistas a partir da qual as anteriores são meras abstrações. Assim como no nascer do sol você vê as coisas como elas são, da mesma maneira, na auto-realização você vê tudo como é. O mundo da ilusão é deixado para trás.

O mundo que você pode perceber é um mundo muito pequeno de fato. E é totalmente privativo. Considere-o como um sonho e acabe logo com isso. A idéia de um mundo total não é parte do seu mundo particular? O universo não vem lhe dizer que você é parte dele. É você que inventou a totalidade para conter a você mesmo como parte desse todo. Na verdade, tudo o que você conhece é o seu mundo privativo, não importando quão bem você o equipou com suas imaginações e expectativas.

Não se atire na atividade. Nem o aprendizado nem o conhecimento podem realmente ajudar.

Chamamos de prazer ao alívio momentâneo da dor - e construímos castelos no ar na esperança de um prazer sem fim ao qual damos o nome de felicidade. Isso tudo é um mal entendido.

Tudo depende de você. É pelo seu consentimento que o mundo existe. Remova sua crença na realidade do mundo e ele se dissolverá como um sonho. O tempo pode derrubar montanhas; muito mais você, que é a fonte intemporal do tempo. Porque sem memória e expectativas não pode haver tempo.

Desejos fracos podem ser removidos pela introspecção, mas os fortes, os profundamente enraizados, devem ser satisfeitos, e seus frutos, doces ou amargos, saboreados.

Recuse todos os pensamentos, exceto um: o pensamento 'Eu Sou'. A mente se rebelará, a princípio, mas com paciência e perseverança, ela se submeterá e ficará quieta. Uma vez que esteja quieta, coisas começarão a acontecer espontânea e naturalmente, sem nenhuma interferência de sua parte.

Na realidade aquilo que não pode mudar, permanece. A grande paz, o silêncio profundo, a beleza oculta da realidade permanecem. Ainda que não tenha como ser explicado em palavras, está esperando que você a experimente por si mesmo.

O testemunhar é natural e sem problemas. O problema é o interesse excessivo, levando à auto-identificação. O que quer que o chame a atenção, você acredita ser real.

Um homem que sabe que não é nem seu corpo e nem sua mente não pode ser egoísta, porque não há nada pelo qual ser egoísta. Ou você pode dizer que ele é igualmente 'egoísta' no interesse de todos que encontra; o bem-estar de todos é seu próprio bem-estar. O sentimento 'Eu Sou o mundo, o mundo é Eu mesmo' torna-se muito natural; uma vez estabelecido, não há maneira de ser egoísta. Ser egoísta significa invejar, desejar, adquirir, acumular, em benefício da parte contra o todo.

Enquanto se for consciente, haverá dor e prazer. Você não pode lutar contra a dor e o prazer no nível da consciência. Para ir além deles, você tem de ir além da consciência, o que é possível apenas quando você olha a consciência como algo que acontece a você, e não em você, como algo externo, alienígena, superimposto. Então, subitamente, você está livre da consciência, realmente sozinho, sem nada se intrometendo. E esse é o seu estado verdadeiro. A consciência é uma irritação que faz você se coçar. Claro, você não pode escapar da consciência , porque o próprio escapar está dentro da consciência. Mas se você aprender a olhar para a sua consciência como um tipo de febre, pessoal e particular, na qual você está preso como um pintinho no seu ovo, dessa atitude virá a crise, a qual quebrará o ovo.

Porque você fala de ação? Você já agiu alguma vez? Algum poder desconhecido age, e você imagina que é você agindo. Você está meramente observando o que acontece, sem ser capaz de influenciar, de qualquer maneira que seja.

Tudo o que você pode fazer é agarrar o ponto central: que a realidade não é um evento e não acontece, e que o que quer que aconteça, o que quer que vá e venha, não é real. Veja o evento apenas como um evento, o transitório como transitório, a experiência como uma simples experiência, e você terá feito tudo o que você pode fazer. Mas tão logo haja algo como gostar e desgostar, você criou uma tela.

A abstração é mental e verbal e desaparece no sono ou devaneio; ela reaparece no tempo. Eu estou/sou no meu próprio estado intemporalmente no agora. Passado e futuro estão apenas na mente - Eu sou/existo agora.

Como pode uma mente instável fazer a si mesma estável? Claro que não pode. É da natureza da mente vagar a esmo. Tudo o que você pode fazer é mudar o foco da consciência para além da mente.

O problema surge apenas quando a memória de dores e prazeres passados, os quais são essenciais a toda vida orgânica, permanecem como reflexo, dominando o comportamento. Este reflexo toma a forma de um 'eu' e usa a mente e o corpo para seus propósitos que são, invariavelmente, a busca do prazer ou a fuga da dor. Quando você reconhece o 'eu' como ele é, um maço de desejos e medos, e o sentimento de 'meu' como envolvendo todas as coisas e pessoas necessárias ao propósito de evitar a dor e assegurar o prazer, você verá que o 'eu' e o 'meu' são idéias falsas, sem fundamento na realidade. Criadas pela mente, elas dominam o seu criador enquanto ele as toma por verdadeiras; quando questionadas elas se dissolvem. O 'eu'e o 'meu', não tendo existencia em si mesmos, precisam de um suporte, o qual eles encontram no corpo. O corpo se torna seu ponto de referência. Quando você fala de 'meu' marido e 'meus' filhos, você quer dizer o marido do seu corpo e os filhos do seu corpo. Abandone a idéia de ser o corpo e encare a questão: Quem sou Eu? Imediatamente um processo será posto em marcha que trará a realidade de volta, ou melhor, levará a mente até à realidade.

O que você vê nao é nada mais do que você mesmo. Chame como quiser, isso não muda o fato. Através do filme do destino, sua própria luz projeta quadros na tela. Você é aquele que vê, a luz, o quadro, a imagem e a tela. Mesmo o filme do destino é auto-selecionado e auto-imposto. (S. Nisargadatta Maharaj)

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