terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Modelo espectral da consciência de Ken Wilber


  1. Nível da Mente – trata-se da consciência universal, origem do espaço, tempo, matéria, energia, vida e consciência. Nas tradições espirituais é conhecida como Deus, Yavé, Tao, Brahman, consciência cósmica, Allah, entre outros nomes. É a base intemporal, holográfica e não-local de todos os fenômenos temporais, inclusive nossas mentes individuais. Por ser a origem de todas as coisas, este é o fundamento e o primeiro nível da consciência pessoal. Neste nível, pessoas que atingiram o despertar, se identificam com o todo e entram em comunhão com a energia básica do universo.
  2. Nível existencial – Trata-se de um movimento da mente cósmica rumo à diversificação, onde ela assume uma multiplicidade ilusória de formas, entre as quais a nossa consciência individual. Neste nível, a consciência cósmica dá lugar a divisões e dualidades que não são reais, mas apenas aparentes. Desta forma nos percebemos como uma consciência individual, separada da fonte, tal como uma onda que se sobressai no mar. Por meio desta diversificação, que percebemos como fragmentação, nos identificamos com  nosso organismo, criando uma identidade pessoal, gerando o nível existencial, e nele um  homem desindentificado com o cosmos ( Pierre Weil denomina este fenômeno de fantasia da separatividade e neurose do paraíso perdido ).
  3. Nível do Ego – A fragmentação continua, a ponto das pessoas sequer se identificarem com todo seu organismo. Deixamos o corpo de lado e passamos a nos identificar somente com nossa mente. Criamos uma oposição mente/ corpo. Não dizemos “eu sou um corpo”, mas “eu tenho um corpo”. E a esse “Eu” que “tem” um corpo, chamamos de ego. É o nascimento da oposição psique versus soma.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Universo Autoconsciente /A.Goswami

A Integração entre Ciência e Esptrttuahdade

Talvez a mais importante, e mais insidiosa, suposição que absorvemos na infância é que o mundo material de objetos existe lá fora—independente dos sujeitos, que são seus observadores. Há prova circunstancial em favor dessa suposição. Em todas as ocasiões em que olhamos para a Lua, por exemplo, nós a encontramos onde esperamos que esteja, ao longo de sua trajetória classicamente calculada. Naturalmente, projetamos que ela está sempre lá no espaço-tempo, mesmo quando não a estamos olhando. A física quântica diz que não. Quando não estamos olhando, a onda de possibilidade da Lua espalha-se, ainda que em um volume minúsculo. Quando olhamos, a onda entra em colapso imediato. Ela, portanto, não poderia estar no espaço-tempo. Faz mais sentido adaptar uma suposição metafísica idealista: não há objeto no espaço-tempo sem um sujeito consciente observando-o.

As ondas quânticas, portanto, são semelhantes a arquétipos platônicos no domínio transcendente da consciência, e as partículas que se manifestam quando as observamos são as sombras imanentes na parede da caverna. A consciência é o meio que produz o colapso da onda de um objeto quântico, que existe em potentia, tornando-a uma partícula imanente no mundo da manifestação. Esta é a metafísica idealista básica, que usaremos no tocante a objetos quânticos neste livro. Sob a iluminação dessa idéia simples, veremos que todos os paradoxos famosos da física quântica desaparecerão como o nevoeiro da manhã.

Notem que o próprio Heisenberg quase propôs a metafísica idealista quando introduziu o conceito áepotentia. O novo elemento importante é que o domínio áepotentia existe também na consciência. Nada existe fora da consciência. É de importância crucial essa visão monista do mundo.

A CIÊNCIA DESCOBRE A TRANSCENDÊNCIA

Até a atual interpretação da nova física, a ^údivmtranscendência raramente era mencionada no vocabulário dessa disciplina. O termo era mesmo considerado herético (o que acontece ainda, até certo ponto) para os praticantes clássicos, obedientes à lei de uma ciência determinista, de causa e efeito, em um universo que funcionava como um mecanismo de relógio.

Para os filósofos romanos da Antiguidade, transcendência significava "o estado de estender-se ou situar-se além dos limites de toda experiência e conhecimento possíveis", ou de "estar além da compreensão". Para os idealistas monistas, analogamente, transcendência implicava isto não, nada conhecido. Hoje, a ciência moderna está se aventurando por reinos que durante mais de quatro milênios foram os feudos da religião e da filosofia. Será o universo apenas uma série de fenômenos objetivamente previsíveis, que a humanidade observa e controla, ou será muito mais esquivo e até mais maravilhoso.'' Nos últimos 300 anos, a ciência tornou-se o critério indisputado da realidade. Temos o privilégio de fazer parte desse processo evolucionário e transcendente, através do qual a ciência muda não só a si mesma como nossa perspectiva da realidade.