segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Cântico da Iluminação

O Cântico da Iluminação, chin. Cheng-tao-ko

Você conhece aquele homem tranqüilo,
Que está andando pelo caminho, além do aprendizado,
Cujo estado é a não-ação, sem evitar a fantasia, sem procurar a verdade?
Ele sabe que a natureza real da ignorância é a própria natureza de Buddha
E que o corpo ilusório e vazio é o próprio Dharmakaya.

Quando se desperta completamente para o Dharmakaya,
Não há mais qualquer coisa.
A fonte de todas as coisas, que vem da própria natureza,
É o Buddha em seu aspecto absoluto.
Os cinco agregados vêm e vão, como meras nuvens no céu vazio;
Os três venenos aparecem e desaparecem,
Como bolhas na superfície do mar.

Quando se compreende a realidade,
Não há diferenciação entre sujeito e objeto;
O karma que levaria ao sofrimento infinito do inferno
Desaparece em um instante.
Se esta for uma mentira para enganar os seres sencientes,
Que a minha língua seja cortada por tantas eras
Quanto os inúmeros grãos de poeira.

Uma vez que a mente é desperta para o Zen do Tathagata,
As seis perfeições e as dez mil boas ações
Já estarão totalmente completas em nós.
Em nosso sonho, vemos claramente os seis reinos da ilusão;
Após despertarmos, tudo está vazio
E nem mesmo os inumeráveis universos poderão ser encontrados.

Aqui não há tristeza, nem felicidade, nem perda, nem ganho;
Nada pode ser encontrado no meio do nirvana.
É como o espelho empoeirado que nunca foi polido;
Agora é o momento de limpá-lo completamente, de uma vez por todas.

Quem tem o não-pensamento? Quem é o não-nascido?
Se nós somos verdadeiramente não-nascidos,
Também não somos não-nascidos.
Pergunte a um fantoche se não é assim.
Como poderíamos obter a própria realização
Através das ações virtuosas ou procurando o Buddha?

Libere os quatro elementos, não se apegue a coisa alguma;
Beba e coma como quiser no meio do nirvana.
Veja tudo como impermanente e completamente vazio;
Isto é a grande e perfeita iluminação do Tathagata.