Anjos e bodhisattvas
Anteriormente, apresentei a idéia de que os anjos pertencem ao reino transcendente dos arquétipos. São os anjos sem forma.
Pessoas que renascem na forma sambhogakaya, que é uma metáfora para dizer que essas pessoas não se identificam mais com corpos encarnados, não precisam mais das mônadas quânticas para transmigrar propensões e tarefas inacabadas de uma vida para outra; elas cumpriram suas obrigações contratuais. Logo, suas mônadas quânticas desencarnadas tornaram-se acessíveis para todos nós, e podemos tomar emprestado seus corpos mental e vital, caso sejamos receptivos a seu serviço. Elas se tornam um tipo diferente de anjo, um anjo na forma de uma mônada quântica realizada (a forma sambhogakaya). (Para recentes perspectivas sobre anjos, ler Parisen, 1990.)
No hinduísmo, há o conceito de arupadevas e rupadevas. Arupadevas — devas sem forma — são puramente contextos arquetípicos, representando entidades diferentes; têm corpos vital e mental individuais (incluindo os mapas mentais do intelecto). São as mônadas quânticas desencarnadas, de pessoas libertadas.
De modo análogo, no budismo, há bodhisattvas arquetípicos e sem forma como, por exemplo, Avalokitesvara, o arquétipo da compaixão. Em contraste, os budistas libertados, quando morrem, tornam-se bodhisattvas na forma desencarnada da mônada quântica realizada; optam por sair do ciclo morte-renascimento e nascer no reino sambhogakaya. Este renascimento, como a mônada quântica desencarnada por trás do ciclo nascimento-morte, é parte daquilo que os tibetanos chamam de experiência do quinto bardo.
De maneira geral, pede-se que o budista se torne um bodhisattva — para ficar prestes a se fundir com o todo, não o fazendo enquanto toda a humanidade não se libertar do samsara. E daí o célebre voto de Quan Yin: "Nunca procurarei nem receberei a salvação individual e particular; nunca entrarei sozinho na paz final; mas por todo o sempre, e por toda a parte, viverei e me empenharei pela redenção de todas as criaturas do mundo". Encontramos uma prece semelhante no Bhagavata Purana dos hindus: "Não desejo o estado supremo... nem a libertação dos renascimentos; que eu possa assumir a tristeza de todas as criaturas que sofrem, e entrar nelas, para que se libertem de seu pesar".
Pensemos nisso de outro modo. Ellen Wheeler Wilcox escreveu sobre a idéia de se encontrar frente a frente com Deus, ou de ver a clara luz em seu poema "Conversação":
Deus e eu a sós no espaço...
ninguém mais à vista...
"E onde estão todas as pessoas,
meu Senhor", disse eu,
"a Terra sob nós e o Céu acima
e os mortos de minha lista?"
"Foi um sonho", Deus sorriu
e disse: "O sonho que parecia
ser real; não havia pessoas
vivas ou mortas; não havia Terra,
e nem o Céu acima,
havia apenas eu em você".
"Por que não sinto medo?", perguntei,
"encontrando-o aqui neste momento?
Pois pequei, sei disso muito bem
e existe céu, e inferno também,
e será este o Dia do Julgamento?"
"Não, eram apenas sonhos",
disse o Grande Deus,
"sonhos que não existem mais.
Não existe isso de medo e pecado;
não existe você... nunca houve você no passado.
Nada existe, senão eu".
Sim, essa é a realidade da clara luz; na clara luz, nada acontece, e isso deve incluir a contemplação da própria clara luz. Para que a criação continue, a aparência da separação deve continuar. E como a consciência continua em sua brincadeira ilusória, por que não continuar a brincadeira nela? Primeiro, brinque-se no corpo físico; depois, sem ele. Mas que se brinque, pois brincar é alegria!
E é assim que os vaishnavitas da Índia postulam que a mônada individual (chamada jiva, em sânscrito) sempre mantém sua identidade. Faz sentido. Se a brincadeira é eterna, o mesmo se pode dizer da (aparente) separação entre jiva e o todo.
O serviço, ou a alegre brincadeira dos anjos, rupadevas e bodhisattvas, não surge apenas pela espetacular escrita automática, que nos deu o Corão ou A course in miracles, mas também como inspirações e orientação em nossos momentos mais difíceis. Bodhisattvas e anjos estão disponíveis para todos nós. Sua intenção de servir é onipresente. Quando nossa intenção se ajusta à deles, tornamo-nos correlacionados; eles atuam e servem por nosso intermédio.
Quando o sábio do leste da Índia, Ramana Maharshi, estava morrendo, seus discípulos lhe pediram para que não se fosse. E Ramana acabou respondendo: "Para onde eu iria?" Com efeito, uma mônada quântica desencarnada como a de Ramana viveria para sempre no campo de sambhogakaya, criando quem precisasse de sua orientação.
Anteriormente, apresentei a idéia de que os anjos pertencem ao reino transcendente dos arquétipos. São os anjos sem forma.
Pessoas que renascem na forma sambhogakaya, que é uma metáfora para dizer que essas pessoas não se identificam mais com corpos encarnados, não precisam mais das mônadas quânticas para transmigrar propensões e tarefas inacabadas de uma vida para outra; elas cumpriram suas obrigações contratuais. Logo, suas mônadas quânticas desencarnadas tornaram-se acessíveis para todos nós, e podemos tomar emprestado seus corpos mental e vital, caso sejamos receptivos a seu serviço. Elas se tornam um tipo diferente de anjo, um anjo na forma de uma mônada quântica realizada (a forma sambhogakaya). (Para recentes perspectivas sobre anjos, ler Parisen, 1990.)
No hinduísmo, há o conceito de arupadevas e rupadevas. Arupadevas — devas sem forma — são puramente contextos arquetípicos, representando entidades diferentes; têm corpos vital e mental individuais (incluindo os mapas mentais do intelecto). São as mônadas quânticas desencarnadas, de pessoas libertadas.
De modo análogo, no budismo, há bodhisattvas arquetípicos e sem forma como, por exemplo, Avalokitesvara, o arquétipo da compaixão. Em contraste, os budistas libertados, quando morrem, tornam-se bodhisattvas na forma desencarnada da mônada quântica realizada; optam por sair do ciclo morte-renascimento e nascer no reino sambhogakaya. Este renascimento, como a mônada quântica desencarnada por trás do ciclo nascimento-morte, é parte daquilo que os tibetanos chamam de experiência do quinto bardo.
De maneira geral, pede-se que o budista se torne um bodhisattva — para ficar prestes a se fundir com o todo, não o fazendo enquanto toda a humanidade não se libertar do samsara. E daí o célebre voto de Quan Yin: "Nunca procurarei nem receberei a salvação individual e particular; nunca entrarei sozinho na paz final; mas por todo o sempre, e por toda a parte, viverei e me empenharei pela redenção de todas as criaturas do mundo". Encontramos uma prece semelhante no Bhagavata Purana dos hindus: "Não desejo o estado supremo... nem a libertação dos renascimentos; que eu possa assumir a tristeza de todas as criaturas que sofrem, e entrar nelas, para que se libertem de seu pesar".
Pensemos nisso de outro modo. Ellen Wheeler Wilcox escreveu sobre a idéia de se encontrar frente a frente com Deus, ou de ver a clara luz em seu poema "Conversação":
Deus e eu a sós no espaço...
ninguém mais à vista...
"E onde estão todas as pessoas,
meu Senhor", disse eu,
"a Terra sob nós e o Céu acima
e os mortos de minha lista?"
"Foi um sonho", Deus sorriu
e disse: "O sonho que parecia
ser real; não havia pessoas
vivas ou mortas; não havia Terra,
e nem o Céu acima,
havia apenas eu em você".
"Por que não sinto medo?", perguntei,
"encontrando-o aqui neste momento?
Pois pequei, sei disso muito bem
e existe céu, e inferno também,
e será este o Dia do Julgamento?"
"Não, eram apenas sonhos",
disse o Grande Deus,
"sonhos que não existem mais.
Não existe isso de medo e pecado;
não existe você... nunca houve você no passado.
Nada existe, senão eu".
Sim, essa é a realidade da clara luz; na clara luz, nada acontece, e isso deve incluir a contemplação da própria clara luz. Para que a criação continue, a aparência da separação deve continuar. E como a consciência continua em sua brincadeira ilusória, por que não continuar a brincadeira nela? Primeiro, brinque-se no corpo físico; depois, sem ele. Mas que se brinque, pois brincar é alegria!
E é assim que os vaishnavitas da Índia postulam que a mônada individual (chamada jiva, em sânscrito) sempre mantém sua identidade. Faz sentido. Se a brincadeira é eterna, o mesmo se pode dizer da (aparente) separação entre jiva e o todo.
O serviço, ou a alegre brincadeira dos anjos, rupadevas e bodhisattvas, não surge apenas pela espetacular escrita automática, que nos deu o Corão ou A course in miracles, mas também como inspirações e orientação em nossos momentos mais difíceis. Bodhisattvas e anjos estão disponíveis para todos nós. Sua intenção de servir é onipresente. Quando nossa intenção se ajusta à deles, tornamo-nos correlacionados; eles atuam e servem por nosso intermédio.
Quando o sábio do leste da Índia, Ramana Maharshi, estava morrendo, seus discípulos lhe pediram para que não se fosse. E Ramana acabou respondendo: "Para onde eu iria?" Com efeito, uma mônada quântica desencarnada como a de Ramana viveria para sempre no campo de sambhogakaya, criando quem precisasse de sua orientação.
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